quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Upgrading......................

O ano é 2112. Diversas datas consideradas como “o dia do fim do mundo” se passaram, diversas pessoas consideradas imortais morreram e a tecnologia avançou de uma maneira sem igual, de forma que tais pessoas poderiam realmente ter se tornado imortais.
Arthur acorda em sua cama. Mais um dia em sua rotina. Ao menos era o que ele achava. Mal sabia ele que naquele mesmo dia ele acharia uma maleta cheia de dinheiro. Sua vida mudou de uma hora para outra. Demitiu-se do trabalho, mudou de casa, investiu na bolsa, fez tudo que podia de imediato.
Um dia, teve um problema no estômago. Não pensou duas vezes e trocou o estômago por um biônico, afinal, agora tinha dinheiro para tal essas máquinas eram muito melhores do que seu frágil corpo.
E essa não fora a última vez em que fizera uma operação dessas. Necessidades esdrúxulas que antes não existiam passaram a ser um problema em sua cabeça. Ele queria correr mais rápido e, para tal, trocara as pernas, queria poder enxergar mais longe e melhor e trocara os olhos, queria fazer cálculos mais rapidamente e introduziu chips em seu cérebro. Foram diversas modificações ao longo do tempo. Ficara mais forte e bonito, mas ágil e com melhores reflexos, mais inteligente e perspicaz.
Certo dia, andando na rua, uma criança o parou puxando sua camisa.
- Oi, com licença, você pode me ajudar a achar minha mãe? – o menino perguntou.
Ele disse que sim e ajudou o menino. Depois de aproximadamente 10 minutos ele achou a mãe do menino.
- Mãe! – o menino berrou enquanto abraçava a mãe – Aquele robô ali me ajudou a te achar, vamos ficar com ele?
- Mas filho, ele não é um robô – ela disse.
- Mas como não? Ele é todo de metal.
- É, filho, mas há pessoas que não conseguem viver sendo simplesmente humanas.

domingo, 25 de novembro de 2012

Blecaute

De repente tudo ficou escuro. As luzes apagaram e ele mergulhou em total escuridão. Não conseguia mais ver nada. Só sabia que estava em seu quarto, deitado na cama, porque era onde estava até o blecaute, pois se dependesse apenas da visão, não faria a mínima ideia.
Continuou ali deitado e entediado, esperando a luz voltar, até que escutou um pequeno choro. Mas de onde vinha aquele choro? Estava sozinho em casa, não tinha como ter alguém chorando ali. Assustado, levantou-se devagar e foi tateando pela casa em direção ao choro.
Chegou ao banheiro. Ali sua visão começava a se acostumar com a escuridão. Percebeu então que era o único lugar da casa em que isso ocorria, todo o resto da casa continuava imerso em uma escuridão sem igual.
Adentrou no banheiro e procurou a fonte do choro. Procurou até dentro do armário e não achou quem chorava. Desistiu e virou-se em direção a porta. Foi quando viu pelo canto do olho um vulto. Virou e se deparou com o espelho. Pulou de susto ao perceber que dentro dele havia uma criança sentada no chão do banheiro chorando.
“Ei, garoto” chamou receoso, mas não houve resposta.
Aproximou a mão do espelho e, ao tocá-lo, assustou-se novamente. O espelho parecia líquido e sua mão atravessava-o. Mas resolveu arriscar e entrou no espelho.
Tudo era exatamente igual ao seu banheiro, mas de forma espelhada. Aproximou-se da criança.
“Ei, garoto” dessa vez o menino ouviu e levantou a cabeça, o que o fez cair pra trás de susto. O menino era igual a ele quando criança.
O menino então levantou e correu. Ele correu atrás. Mas não por muito tempo. De repente, começou a cair.
Chegou ao chão e a sua frente pôde ver diversas cenas, todas cenas passadas de sua vida. Amigos que fez, namoradas que teve, momentos felizes. Mas de repente as cenas mudaram, passaram a mostrar o que veio depois. Mostrou como ele perdera tudo, diversos amigos, pessoas que ele realmente amou e como tudo aquilo deixara feridas nele.
Começou a cair de novo. Atingiu sua cama onde acordou. Conseguia ver tudo de novo. Estava sonhando. Ou talvez fosse uma maneira de sua mente mostrar pra ele que ele mesmo estava apagando a luz dentro de si.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Só pra te ver sorrir


Acordo cedo e cansado, mas cheio de bom humor
Com o corpo pesado e sempre cheio de dor
Uma semana difícil como a que esta por vir
Mas esqueço tudo isso só pra te ver sorrir

Te espero acordar enquanto te assisto dormir
Invento palavras e sentimentos que tentamos definir
Conto as horas pra te ver e te chamo pra fugir
É só parte do que faço só pra te ver sorrir

Viajaria o mundo inteiro da Itália ao Haiti
Iria agora mesmo pra onde você quiser ir
Faço do mundo um esconderijo, se sorrindo me pedir
Pois eu abro mão de tudo e só pra te ver sorrir

Sei que as lágrimas também tem motivos pra cair
Mas saiba que é só chamar e darei um jeito de vir
Com os olhos brilhando e o ombro amigo que prometi
Paro a chuva de seus olhos para então te ver sorrir

Esse sentimento anônimo que não podemos medir
E que lhe escreverá poemas enquanto a palavra lhe servir
Me mostra que se eu tenho mesmo um motivo pra existir
Não me restam mais dúvidas. É só pra te ver sorrir!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O melhor amigo do homem, o cachorro engarrafado


Entrou no bar de cabeça baixa. Levantou a cabeça, viu alguns amigos jogando sinuca. Cumprimentou-os com o olhar e voltou a abaixar a cabeça enquanto sentava em uma mesa livre. Os amigos já sabiam que deveriam esperar. Chamou o garçom e pediu um copo do whisky mais caro da casa.
Ficou olhando pro copo cheio a sua frente. Abriu um pequeno sorriso irônico. “É, meu caro amigo, aqui estamos nós de novo” e tomou um gole. Ah, aquela sensação do whisky descendo, era exatamente daquilo que ele precisava. “Realmente não sei o que há de errado comigo. Por que tudo sempre acaba da mesma maneira?” Mais um gole. “Sabe, eu to cansado da mesmice da vida. Eu queria alguma coisa nova acontecendo. Mas o que?” Novamente leva a bebida à boca. “É, talvez você tenha razão, meu caro amigo” Terminou o copo e se levantou dirigindo-se à mesa de sinuca enquanto falava para o garçom “Ei, garçom, me traz outro copo que a noite ainda não acabou”. E foi recebido com risos e piadas pelos seus amigos.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A dita força de um guerreiro


Sempre muito orgulhoso
de sua força aparente.
A se sentir no fundo do poço
mas com armadura reluzente!

Com suas conquistas, conquistava confiança.
Mas sua maior conquista, era não confiar!
E que conquista sem confiança se alcança?
Aquelas das quais fogem, os que se deixam conquistar!

E não se deixando ou pensando em deixar
se ''libertava" e assim pensava se salvar...
Daquilo que os mais fortes procuravam
e ele fugia, por não poder fraquejar.

Seus olhos ainda brilham, mais que a armadura,
por um motivo ainda a definir.
Se por orgulho, satisfação e bravura
ou pelas lágrimas que a força impede de cair.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Relato da loucura de uma mente insana 2



Pronto, agora ele era o ultimo. O que sobrou. Todos os seus amigos estavam namorando, tinham alguém de quem gostavam e que gostava deles. Mas não ele. Não. Nunca sequer tivera um relacionamento de sucesso. Três semanas, um mês, um mês e meio, não passava disso. Não que não ficasse feliz por seus amigos, pelo contrário, mas ficava triste por si mesmo. Não queria exatamente um namoro, só queria que alguém sentisse por ele o mesmo que ele sentia. E com a cabeça cheia desses pensamentos, ele dormiu.
Seus amigos tentaram apresentar algumas pessoas, mas nenhuma o interessou. Até um dia que conheceu uma menina  por acaso. Daniela. Ela esbarrara nele no metrô, derrubando o café que segurava e sujando-o todo. Fora o suficiente para começar uma conversa. Saltaram na mesma estação e continuaram conversando até ele chegar ao trabalho. Trocaram contatos e se separaram.
Eles continuaram conversando pela semana que se seguiu e marcaram de sair. Não só naquele fim de semana, mas em vários outros, até que começaram a namorar. Seus amigos que já ouviam tanto sobre a tal Daniela, agora passaram a ouvir mais ainda, mas nunca a conheciam. Ele tentara várias vezes apresentá-la aos amigos, mas nunca conseguia. Sempre surgia algum imprevisto e ela não podia.
Até um dia. 11 de junho. Acordara com ela em sua cama. Tinham passado a noite juntos. Ao sair de casa esbarrara em seu melhor amigo. Apressou-se em apresentar Daniela. Finalmente alguém a conheceria. Mas percebeu um certo olhar de estranhamento no amigo. Olhou para Daniela sem entender. Até que ela disse "Desculpa" e então sua imagem desapareceu aos poucos.
Sua mente voltou a todos os momentos em que passaram juntos. Não. Não tinha como tudo ser invenção. Não tinha como ele ser tão perturbado assim. Entrou correndo em casa, ignorando seu amigo, e se trancou. Chorou. Chorou lembrando de tudo. Fora tudo falso. Viu escondido no canto o presente que daria a ela de dia dos namorados, um album de fotos. Pegou-o e abriu. Fotos sozinhas em diversos lugares. Viu uma por uma, chorando cada vez mais.
Três dias depois. Três dias sem ninguém conseguir falar com ele. Seu melhor amigo resolveu invadir seu apartamento. Encontrou-o em sua cama. Morto. Um bilhete em sua mão dizia "É tudo uma farsa. Sempre foi".

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Feridas sem curativo

Preciso de algo pra me apoiar. Alguém pra secar as lágrimas e dizer que está tudo bem. Preciso de um pouco de felicidade. Preciso curar as feridas. Preciso. Não consigo.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Relato da loucura de uma mente insana

Tinha sido um longo dia no trabalho. Jack chegara em casa cansado. Abriu a porta e fora recebido por sua filha vindo correndo em sua direção. “Papaaaaai” ela berrou enquanto pulava para seu colo, abraçando-o. “Oi amor, chegou tarde hoje” ele escutou sua mulher falando da cozinha. “Problemas no trabalho, tive que fazer hora extra” ele respondeu enquanto tirava o paletó e seguia em direção a cozinha. Beijou a mulher e ajudou-a a terminar de preparar a janta.
Jantaram todos juntos como uma família feliz. Após a janta, mandou a filha dormir e, enquanto sua mulher retirava a louça e a lavava, foi para o quarto da filha contar uma história para que dormisse. Contava e encenava uma história em que um cavaleiro enfrentava dragões e gigantes para salvar uma princesa que tinha o mesmo nome da menina e, ao fim da história, ela já estava dormindo.
Foi para seu quarto e trocava de roupa quando sua mulher apareceu e abraçou-o. “Nós podíamos aproveitar que a Julinha dormiu rápido” ela disse ajudando-o a retirar a roupa. Ficaram nus, deitaram na cama e fizeram amor. Não o faziam há muito tempo e o ato pareceu até diferente, mas não deixara de ser prazeroso. Após o ato, cansados, caíram no sono.
Acordou durante a noite com o barulho da campainha. Botou uma roupa e foi atender a porta. Era seu primo. “John, o que faz aqui a essa hora?” perguntou.
“Eu estou preocupado com você, Jack...” John respondeu “Não só eu, mas seus amigos do trabalho também”
“O que você quer dizer com isso?”
“Roberto me ligou hoje. Ele disse que você tem ficado até tarde no trabalho sem motivo, dizendo que está trabalhando num projeto que já terminou. No projeto que você estava trabalhando antes do acidente.”
“Que acidente, John?”
“Como assim ‘que acidente’, Jack? O acidente de carro que levou a Julia e a Sally.”
“Mas elas estão a...” e parou a frase no meio. “Julia” berrou enquanto dirigia-se ao quarto da filha.
“Jack, espera” John tentou pará-lo sem sucesso.
Jack chegou ao quarto da filha. Onde antes estava sua filha havia agora um urso de pelúcia. “Não, não, não pode ser” ele começou a falar já com lágrimas nos olhos “Sally” berrou enquanto dirigia-se a seu quarto.
Encontrou apenas um quarto desarrumado. Gozo em cima da cama. E nenhum sinal de sua mulher. Caiu ao chão chorando. John chegou devagar e disse “Elas se foram, Jack, você tem que superar isso, pare de causar ainda mais sofrimento a si mesmo”.