sexta-feira, 22 de março de 2013

Um café, por favor


Segunda-feira
Passeava pela praça, carregando seu café recém-comprado, tranquilo e envolto em pensamentos. Esbarrou nela. Ah, aquela mulher.  Café caíra sobre ele por inteiro, mas nem se importara, continuava olhando para aquele rosto embasbacado pela beleza dela. Ela desesperada pedindo desculpas e tentando limpar o café com um pequeno lenço que ele nem vira de onde ela tirara. E foi assim que se conheceram. Conversaram sobre o incidente e trocaram telefones.

Terça-feira
Marcaram de se encontrar. Cinema. As intenções já estavam bem claras desde o início, mas ainda assim mantém-se aquela espera para que só ocorra algo no escuro reservado do cinema. Beijam-se durante quase todo o filme, assistem apenas algumas cenas aleatórias e impossíveis de entender devido a falta de contexto. No fim, um encontro normal, mas para os dois bem mais que isso.

Quarta-feira
Chamara-a para sair. Jantar romântico em um restaurante caro. Comida chique. Vinho de qualidade. Ela maravilhada. Ele apaixonado. Ao sair, resolvem parar pela Lagoa e andar um pouco. Apreciam a vista em um deque. A lua cheia tomando conta do céu. Ele então a pede em namoro. Ela aceita e eles se beijam apaixonadamente.

Quinta-feira
Apaixonados. Perfeitos um para o outro. Um casal lindo de verdade. Todas essas eram descrições para o relacionamento dos dois. Era incrível o quão parecidos eles eram e o quanto isso fazia bem um ao outro. Era incrível o quão apaixonados eles podiam ser. Um não desgrudava mais do outro. Mantinham-se trocando quem ficaria na casa de quem. Nada afetava o relacionamento deles e eles estavam felizes de verdade. 

Sexta-feira
Briga. Quase uma guerra. O inferno dentro de casa. Ainda dormiam na mesma casa, mas apenas para manter as aparências, pois ele sempre dormia no sofá. Não paravam de discutir. O dia inteiro naquilo. Eram tão parecidos um com o outro que suas semelhanças passaram a irritar. “Por que você é tão desorganizada?” “Ah, nossa, incrível ouvir isso de uma pessoa incrivelmente arrumada como você. Veja só como arrumou todas as latas de cerveja em um perfeito triângulo em cima da bancada.”.

Sábado
Terminaram. Não conseguiam mais olhar um na cara do outro. Escutar o mínimo som produzido pelo outro já causava angústia, asco e, diziam eles, até refluxo. Cada um seguiu para um lado e suas vidas se separaram completamente.

Domingo
Memórias. Lembrar dos momentos felizes que passou não lhe fazia bem. Mas já começava a superar todo aquele relacionamento desastroso. No fim fora apenas mais uma experiência que dera errado. Mais uma no meio de muitas outras e a vida seguia em frente.

Segunda-feira
Passeava pela praça, carregando seu café recém-comprado, tranquilo e envolto em pensamentos. Esbarrou nela.

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