quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Primavera

Ele e Ela. Ela e Ele. Amizade desde a infância. Ambos sempre ali um para o outro. E, naquele momento, Ele precisava dela. Sua namorada acabara de terminar com ele e ele não podia se sentir pior. Mas Ela era uma boa amiga, recebera a ligação assim que terminaram e em menos de dez minutos já se encontrava na casa dele. O vira chorar, o consolara, dividira a pouca experiência que tinha.
Eles estavam agora na cama dele. Ela sentada. Ele com a cabeça recostada sobre o colo dela de olhos fechados, mas sem dormir. Ela afagava-lhe os cabelos carinhosamente.
- Ei, você sabe qual o oposto de ‘gostar’? - Ela perguntou de repente.
Ele abriu os olhos e levantou levemente a cabeça olhando pra ela.
- ‘Odiar’, não é?
Ela levantou o olhar para o teto.
- Não, o contrário de ‘gostar’ é ‘indiferença’ - e então novamente olhou pra Ele - Sabe, eu acho que o relacionamento de vocês já tinha desgastado há muito tempo. Já tinha se tornado muito unilateral. Da sua parte. Ela tinha se tornado indiferente a você. Eu já não aguentava te ver sofrer daquela maneira. Pode ser doloroso demais agora. Mas é uma dor momentânea. É melhor do que sofrer por mais tempo. E você vai achar alguém que seja melhor e que não te faça sofrer.
Ele sentou-se um pouco irritado com o que ela dissera.
- E quem seria essa pessoa maravilhosa que poderia substituir ela, ein?
Ela abaixou a cabeça e murmurou algo inaudível.
- Que? - Ele perguntou.
- Eu disse 'eu', idiota - ela berrou e o beijou.
Ele foi pego de surpresa, mas continuou o beijo. Continuaram por muito tempo. Algum tempo depois, com Ele sentado na cama, encostado na parede e Ela recostada nele, ela virou o rosto e disse:
- Você sabe o que acontece quando a neve derrete?
Ele ficou um pouco confuso com a pergunta.
- Ela vira água? - respondeu em tom de dúvida.
Ela riu.
- Não, bobo, quando a neve derrete é porque a primavera chegou. Um dia o seu inverno vai acabar. Sempre acaba.
Ele riu.
- Talvez ele esteja acabando agora, minha Primavera.
- Seu tosco - Ela sorriu enquanto dizia.
Aquele sorriso esboçado, aquele momento de felicidade. Se beijaram novamente e continuaram ali. Ele e Ela. Ela e Ele.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Uma rosa, um sorriso

A menina sentou na escadinha da ponte. Deixou a bolsa de lado e abaixou a cabeça. E então, começou a chorar. Chorava um choro baixo, pra si, não pretendia fazer escândalo em local público, mas também não aguentaria todo o caminho até chegar em casa. Então sentara ali mesmo e desatara a chorar um choro quase silencioso.
Algumas pessoas ao passar olharam pra ela. Rostos estranhos. Olhares de pena. Olhares de indiferença. E até escutara algumas pessoas comentando. Mas não ligava. A tristeza e desânimo que a estavam consumindo eram tamanhos que nada mais importava e tudo o que podia fazer era chorar.
Começou a chover. Ela olhou para o céu por um momento. A chuva caía e se misturava as suas lágrimas. As pessoas a sua volta começaram a correr ou abrir seus guarda-chuvas. Ela se manteve ali.
Depois de muito tempo ali, de repente sentira um toque em seu ombro. Uma mão. Levantou lentamente a cabeça. Seus olhos já muito vermelhos avistaram o rosto de um homem. Ele lhe entregara um bilhete enrolado em alguma coisa. Ela o abriu. Dentro do bilhete havia uma rosa vermelha. Segurou a rosa e começou a ler o bilhete.
"Lágrimas não mudam o que passou. Não digo para não chorar, mas não perca a vida fazendo-o. Sorria e siga em frente. E se quiser me acompanhar, aceitarei sua presença de bom grado. Agora limpe o rosto e sorria." E o bilhete terminava com o desenho de um rosto feliz.
Ela virou-se e avistou o homem já ao final da ponte. Parou. Pensou. Limpou o rosto, levantou e foi até ele tentando não chorar mais e sim sorrir.