terça-feira, 29 de junho de 2010

Terapia


Após alguns segundos se olhando,
o ouvinte pergunta:
Como você esta?
E no sofa se ajeitando,
o menino responde:
Não sei como lhe contar
Sendo bom no que faz,
o ouvinte insiste
e já não aguentando mais
o menino desiste

Por horas afim
palavras voam.
Em um desabafo sem fim
sentimentos ecoam.

Terminados os assuntos
ouvinte e menino se despedem.
Dois amigos que juntos
se ajudam e cerscem.
Exercendo função
de terapeuta e paciente
amigos se ouvem, em discução,
e desabafo comovente.

PS.:escrevo este texto em agradecimento a todos que lêem meus textos, vocês são meus terapeutas a ouvir meu desabafo (em forma de poesia) e especialmente a amigos como Hugo Gomes que mais que ninguém divide comigo a função de ouvinte.

sábado, 26 de junho de 2010

Reações


Estava decidido, eles iriam para Formidonis. Rodrigo e seus amigos tinham ouvido falar dessa cidade há algum tempo. Diziam que a cidade em si não tinha nada de mais e era tudo muito barato, mas o que chamava atenção nela era um parque. Um parque dedicado apenas ao terror. E nesse parque, um brinquedo. Um brinquedo que era considerado o brinquedo mais assustador do mundo. Um simples trem fantasma, mas que metia medo em todos que nele entravam.
E eles foram. Alugaram um micro-ônibus e partiram para a cidade. Iriam ficar por uma semana lá, em uma casa alugada.
Logo na noite do primeiro dia eles resolveram ir ao parque e entrar no tão falado brinquedo. Entravam dois por vez e sempre saíam com o medo estampado no rosto. Chegara então a vez de Rodrigo, iria sozinho. Entrou. Foi a primeira vez que realmente experimentou o medo, mas era um menino orgulhoso demais e reprimiu seu sentimento para se gabar com seus amigos.
Aproveitaram o resto do parque e voltaram pra casa. Já era tarde.
Naquela mesma noite, apareceu para Rodrigo uma mulher de longos cabelos negros jogados na frente do rosto, coberta por um manto negro e segurando uma tesoura em uma das mãos. Antes que Rodrigo pudesse esboçar uma reação, ela matou sua amiga que estava passeando com ele. Não havia mais ninguém por perto. Ele correu. Correu e conseguiu fugir da mulher.
Todos estavam triste com a morte de Belatrice, mas não fora a única. Noite após noite amigos de Rodrigo eram mortos pela mesma mulher, com a mesma tesoura, e Rodrigo sempre conseguia fugir. A polícia não conseguia entender porque aqueles adolescentes estavam sendo assassinados um após o outro.
Na quinta noite um deles conseguiu escapar da mulher, seu melhor amigo. No dia seguinte, a polícia acusa Rodrigo de ser o assassino e o prende. Após interrogatório ele é mandado para um instituto para pessoas com perturbações mentais.
Sexta noite. Rodrigo está em seu quarto branco. Quando a porta se abre. A mulher entra. ele corre pelo quarto gritando. Ela passa por ele em direção a cama. Ele corre para a porta. Trancada. Ele berra, berra, mas no meio de loucos, berros são constantes. A mulher se agacha e retira um haste de metal pontiaguda da cama que já estava quase solta. Segue em direção a Rodrigo. Levanta a haste e finca-a em Rodrigo. A mulher desaparece. Rodrigo segura em suas mãos uma haste de metal, perfurando o próprio peito. Cai encostado na porta. Morto.
Do lado de fora sua ficha presa à porta cai, nela pode-se ver escrito:

Paciente: Rodrigo Diaz Machado
Notas: O paciente sofre de dupla personalidade. Assassinou diversos amigos não estando em estado normal. Repressão de um forte sentimento pode ter sido a causa para tal distúrbio ter se iniciado.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Alguém sabe me dizer?


Alguém sabe me dizer?
Me dizer o que dói mais.
O vazio
que a perda vem gerar?
Ou o vazio
sem data nem certeza de acabar?

Alguém sabe me dizer?
Dizer o que escolheria.
Se sofrer com uma perda
ou se nem começaria
aquilo, que perdendo
ou nunca tendo,
lhe fará falta um dia.

Alguém sabe me dizer?
Me dizer o dói mais.
Perder alguém que te amou
ou não te amarem jamais?
A tristeza e a dor
de ser abandonado
ou a angústia e o temor
de nunca ser amado?