quarta-feira, 22 de julho de 2009

Eternos amigos


João, Lucas, Carolina, Gabriel, Juliane e Marcus olhavam para a caixa. Ali estavam contidas fotos, objetos pessoais, besteiras, coisas. "Será que vamos lembrar?" perguntava Lucas. "Eu tenho certeza que vou. Minha memória é excelente." se vangloriava Marcus. "Vinte anos é muita coisa. E se acontecer alguma coisa a esse parque?" Juliane se preocupava. "A gente encontra a caixa mesmo assim, agora vamos enterrar logo isso" Gabriel terminou a conversa. E começaram a enterrar a caixa. Naquela caixa estavam contidos, objetos, lembranças, memórias... Que dali a vinte anos seriam desenterradas pelos que lembrassem do grupo.
Vinte anos se passaram. João foi àquele mesmo parque, debaixo daquela mesma árvore, segurando uma pá. Esperou dar 15:00 horas que era a hora marcada para ver se mais alguém chegava. Ninguém chegou. Ele começou a cavar. Passaram-se meia hora enquanto ele cavava. Encontrou a caixa. Abriu. Viu todas aquelas coisas. Lembrou de todos os momentos. Os lugares onde as fotos foram tiradas. As lembranças que aqueles objetos representavam. Via ali a memória de cada integrante do grupo e se perguntava porque só ele lembrara.
Voltou pra casa com aquele sentimento nostálgico e com o triste pensamento de que seus antigos amigos haviam esquecido do laço que tinham. Resolveu que iria encontrá-los. Iria procurar informações sobre eles. Afinal, naquele mundo cheio de tecnologias, a informação não é algo tão difícil de se conseguir. Tinha um amigo policial, então conseguiu algumas informações.
Encontrou Marcus na cadeia. Estava preso por tráfico de drogas. Conseguiu entregar-lhe o que era dele na caixa e teve uma breve conversa.
A partir de uma multa encontrou o endereço de Lucas. Foi até sua casa e foi recebido por sua esposa. Ele não estava. Tinha viajado a trabalho para São Paulo e estava lá desde a semana anterior. Ela disse que ele tinha arrumado uma discussão com o chefe dizendo que tinha que ficar e não contara o motivo nem para ela, mas que ao fim acabou cedendo e viajando. João deixou a parte de Lucas com sua esposa e o recado de que não havia problema ele ter faltado o encontro.
Foi à antiga casa de Juliane. Por sorte os pais dela ainda moravam lá. Eles disseram que ela havia se casado com Gabriel e que os dois foram morar no Estados Unidos. Assim que saiu da casa deles seguiu para o correio e enviou para o endereço que eles forneceram a parte que pertencia aos dois e uma carta dando os parabéns pelo casamento.
Só faltava uma pessoa a encontrar. Carolina. Não conseguia achar ela de maneira alguma.
Uma semana mais tarde, enquanto passava por aquele mesmo parque. Avistou ao pé daquela árvore um bilhete. Foi até lá e pegou-o. "Desculpe, não pude estar aqui" o bilhete dizia "estou no hospital e não pude comparecer.".
Agora João tinha uma pista. Procurou em todos os hospitais da cidade. Até que encontrou aquele em que Carolina se encontrava. Entregou-lhe sua parte na caixa e conversou com ela por um longo tempo. Descobriu que ela estava com um caso terminal de câncer e prometeu tirá-la dali para que ela pudesse aproveitar a vida antes de morrer.
Arranjou um médico particular para ela, assim ela poderia sair do hospital. Em uma semana eles se casaram. E viveram muito felizes.
Carolina morreu um mês depois. Porém João porporcionou-lhe o melhor mês de sua vida, assim como ela proporcionou a ele. Em seu enterro foram derramadas muitas lágrimas, de familiares, de alguns amigos mais novos e de antigos amigos, amigos com quem tinham combinado de enterrar uma caixa cheia de lembranças e desenterrá-la vinte anos depois. E essas lembranças felizes marcaram a vida de todos eles.

domingo, 12 de julho de 2009

O encontro


Não estava preparado para o que lhe aconteceria. Vivendo essa vida de vagabundo, sem estudar e só pensando em garotas se acostumou a não se prender as pessoas. Não se envolver com elas. Até o dia que a conheceu. Na verdade ele não a conheceu aquele dia, conhecera-a muito tempo atrás em seus tempos de colégio, nessa época ele só xingava-a, nunca tentou conversar com ela porque era feia e inteligente, era uma nerd. Mas o tempo passou e ele a reencontrou. Tão diferente que nem a reconheceu. Se apaixonou no momento que a viu. Nada no mundo poderia prepará-lo para o que é o amor, muito menos aquela vida que andava vivendo. Ela o reconheceu e num quis nem começar a conversa, mas ele insistiu. Ele a enchia de elogios, de como ela estava linda e estonteante e ela só dava patadas falando de como ele estava deplorável. Lembrou daquela época, de como agia com ela e começou a se desculpar, disse que era um idiota e que se arrependia daquilo e que agora havia se apaixonado por ela só de vê-la. Então ela disse: "Naquela época, eu gostava de você, mas você só me xingava. Eu me iludia dizendo a mim mesma que era sua maneira diferente de demonstrar afeto. Me enganei por tempo demais. Pra mim você se tornou ninguém depois de um tempo. E é assim que eu te vejo agora. Como um ninguém."
Ela saiu andando e o deixou plantado ali. Seu coração partido. Pela primeira vez se apaixonara e tão rápido quanto se apaixonou, perdeu seu amor. A vagabundagem o acostumara mal, as vezes é melhor se preocupar com os sentimentos, tanto os seus quanto o dos outros, no futuro isso irá afetar sua vida e você agradecerá se for para melhor.
Ele morreu um mês depois. Não se alimentava direito e não se cuidava. A vida perdeu o sentido. O amor é bom, mas também pode ser arrasador, principalmente para pessoas frias que nunca ligaram para isso.