domingo, 13 de setembro de 2009

A rua da solidão


Ele andava sozinho pela rua. Todos andam por essa rua alguma vez. Na verdade, algumas vezes. Mas mesmo assim, todos andam sozinhos.
Mas será mesmo que ele estava sozinho? Aquela rua podia ser terrível, mas será que todos os que o conhecem o abandonaram ali? É nessa hora que ele avista o fim daquela rua. Avista seus amigos. Amigos, aqueles que sempre estão lá, a qualquer momento, quando você precisar. Amigos são os únicos que podem tirá-lo dessa rua.
Ele correu, correu como nunca. E foi recebido como um rei por seus amigos. Não, foi recebido melhor que um rei, foi recebido como um verdadeiro amigo.
Naquela rua ele entrou sozinho e dela saiu com verdadeiros amigos e como uma nova pessoa, com uma nova vida e um novo amor.

sábado, 22 de agosto de 2009

Adeus


Chegou em casa e sentiu falta de alguma coisa. Não, alguma coisa não. Alguém. Faltava uma pessoa. Faltava ela. Procurou em toda a casa e não achou. Precisou esperar por ela durante alguns dias pra chegar a conclusão. Ela o abandonara.
Ele tentava conviver com essa nova perspectiva, mas tudo que ele olhava, os lugares por onde passava, tudo, o fazia lembrar dela. Ela era alegre, divertida e sempre carinhosa com ele. Mas havia mudado, tinha ficado mais fria e tinha passado a esquecê-lo. E agora, tinha ido embora, sem se despedir, sem se explicar. Ele tentava encontrar um por que. Um motivo para ela ter ido, pensou nas próprias atitudes, nos acontecimentos. Nada parecia ser motivo.
"Será que ela vai voltar?" Ele se perguntava.
Algum tempo passou. Ele abandonou aquela casa. Não a vendeu. Saiu. Comprou outra. Mas deixou um bilhete.
"Eu te esperei." Ele dizia. "Esperei por muito tempo. Você não voltou. O que um dia eu senti, hoje não sinto mais. Estou deixando essa casa para você. Não aguento mais viver nelar. Lembrar de alguém que me fez tanto mal. Que me fez sofrer quando era ela a errada. Espero que um dia você volte e leia isso." E assinava em baixo. "Daquele que um dia te amou... R..."

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Eternos amigos


João, Lucas, Carolina, Gabriel, Juliane e Marcus olhavam para a caixa. Ali estavam contidas fotos, objetos pessoais, besteiras, coisas. "Será que vamos lembrar?" perguntava Lucas. "Eu tenho certeza que vou. Minha memória é excelente." se vangloriava Marcus. "Vinte anos é muita coisa. E se acontecer alguma coisa a esse parque?" Juliane se preocupava. "A gente encontra a caixa mesmo assim, agora vamos enterrar logo isso" Gabriel terminou a conversa. E começaram a enterrar a caixa. Naquela caixa estavam contidos, objetos, lembranças, memórias... Que dali a vinte anos seriam desenterradas pelos que lembrassem do grupo.
Vinte anos se passaram. João foi àquele mesmo parque, debaixo daquela mesma árvore, segurando uma pá. Esperou dar 15:00 horas que era a hora marcada para ver se mais alguém chegava. Ninguém chegou. Ele começou a cavar. Passaram-se meia hora enquanto ele cavava. Encontrou a caixa. Abriu. Viu todas aquelas coisas. Lembrou de todos os momentos. Os lugares onde as fotos foram tiradas. As lembranças que aqueles objetos representavam. Via ali a memória de cada integrante do grupo e se perguntava porque só ele lembrara.
Voltou pra casa com aquele sentimento nostálgico e com o triste pensamento de que seus antigos amigos haviam esquecido do laço que tinham. Resolveu que iria encontrá-los. Iria procurar informações sobre eles. Afinal, naquele mundo cheio de tecnologias, a informação não é algo tão difícil de se conseguir. Tinha um amigo policial, então conseguiu algumas informações.
Encontrou Marcus na cadeia. Estava preso por tráfico de drogas. Conseguiu entregar-lhe o que era dele na caixa e teve uma breve conversa.
A partir de uma multa encontrou o endereço de Lucas. Foi até sua casa e foi recebido por sua esposa. Ele não estava. Tinha viajado a trabalho para São Paulo e estava lá desde a semana anterior. Ela disse que ele tinha arrumado uma discussão com o chefe dizendo que tinha que ficar e não contara o motivo nem para ela, mas que ao fim acabou cedendo e viajando. João deixou a parte de Lucas com sua esposa e o recado de que não havia problema ele ter faltado o encontro.
Foi à antiga casa de Juliane. Por sorte os pais dela ainda moravam lá. Eles disseram que ela havia se casado com Gabriel e que os dois foram morar no Estados Unidos. Assim que saiu da casa deles seguiu para o correio e enviou para o endereço que eles forneceram a parte que pertencia aos dois e uma carta dando os parabéns pelo casamento.
Só faltava uma pessoa a encontrar. Carolina. Não conseguia achar ela de maneira alguma.
Uma semana mais tarde, enquanto passava por aquele mesmo parque. Avistou ao pé daquela árvore um bilhete. Foi até lá e pegou-o. "Desculpe, não pude estar aqui" o bilhete dizia "estou no hospital e não pude comparecer.".
Agora João tinha uma pista. Procurou em todos os hospitais da cidade. Até que encontrou aquele em que Carolina se encontrava. Entregou-lhe sua parte na caixa e conversou com ela por um longo tempo. Descobriu que ela estava com um caso terminal de câncer e prometeu tirá-la dali para que ela pudesse aproveitar a vida antes de morrer.
Arranjou um médico particular para ela, assim ela poderia sair do hospital. Em uma semana eles se casaram. E viveram muito felizes.
Carolina morreu um mês depois. Porém João porporcionou-lhe o melhor mês de sua vida, assim como ela proporcionou a ele. Em seu enterro foram derramadas muitas lágrimas, de familiares, de alguns amigos mais novos e de antigos amigos, amigos com quem tinham combinado de enterrar uma caixa cheia de lembranças e desenterrá-la vinte anos depois. E essas lembranças felizes marcaram a vida de todos eles.

domingo, 12 de julho de 2009

O encontro


Não estava preparado para o que lhe aconteceria. Vivendo essa vida de vagabundo, sem estudar e só pensando em garotas se acostumou a não se prender as pessoas. Não se envolver com elas. Até o dia que a conheceu. Na verdade ele não a conheceu aquele dia, conhecera-a muito tempo atrás em seus tempos de colégio, nessa época ele só xingava-a, nunca tentou conversar com ela porque era feia e inteligente, era uma nerd. Mas o tempo passou e ele a reencontrou. Tão diferente que nem a reconheceu. Se apaixonou no momento que a viu. Nada no mundo poderia prepará-lo para o que é o amor, muito menos aquela vida que andava vivendo. Ela o reconheceu e num quis nem começar a conversa, mas ele insistiu. Ele a enchia de elogios, de como ela estava linda e estonteante e ela só dava patadas falando de como ele estava deplorável. Lembrou daquela época, de como agia com ela e começou a se desculpar, disse que era um idiota e que se arrependia daquilo e que agora havia se apaixonado por ela só de vê-la. Então ela disse: "Naquela época, eu gostava de você, mas você só me xingava. Eu me iludia dizendo a mim mesma que era sua maneira diferente de demonstrar afeto. Me enganei por tempo demais. Pra mim você se tornou ninguém depois de um tempo. E é assim que eu te vejo agora. Como um ninguém."
Ela saiu andando e o deixou plantado ali. Seu coração partido. Pela primeira vez se apaixonara e tão rápido quanto se apaixonou, perdeu seu amor. A vagabundagem o acostumara mal, as vezes é melhor se preocupar com os sentimentos, tanto os seus quanto o dos outros, no futuro isso irá afetar sua vida e você agradecerá se for para melhor.
Ele morreu um mês depois. Não se alimentava direito e não se cuidava. A vida perdeu o sentido. O amor é bom, mas também pode ser arrasador, principalmente para pessoas frias que nunca ligaram para isso.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O velho da praça


Já estava velho fazia muito tempo, tanto tempo que viu gente demais sair de sua vida. Havia muito ele tinha brigado com a esposa e se separado. Os filhos ficaram com ela e com ela aprenderam a odiar o pai, esqueceram dele. O resto da família, já tinha falecido, assim como os amigos que conseguira manter por tanto tempo.
Todo dia, sentava no banco da pracinha e observava as pessoas a sua volta. Via as crianças e lembrava da infância. As brincadeiras com seus amigos e primos. Cada vez era uma brincadeira diferente e todas igualmente divertidas. A vida era fácil e ele não via, queria logo crescer.
Via os jovens e lembrava da adolescência, os melhores tempos de sua vida, tudo que o preocupava eram notas e garotas, nada muito complicado, eram tempos simples, divertidos e prazerosos, porém eram tempos que não voltavam. Aquela vida de sair com os amigos, chegar em garotas e estudar pro vestibular era perfeita, mesmo assim, tudo o que ele queria era crescer, procurava a independência, queria ser dono de si mesmo. Tinha tudo o que queria na mão, mas não era o suficiente pra ele. E por isso deixara quem mais amava, porque era jovem demais pra entender o quanto o amor é importante.
Observava os adultos e percebia como sua vida despencara. Casou-se com alguém que não amava. Percebeu o quanto errou, não deveria ter largado quem amava, deveria ter permanecido com ela, sua amiga e amada, a única que realmente o entendia. Mas a deixou por alguém com quem ia se separar e que iria fazer seus filhos se voltarem contra ele.
Passava todos os seus dias dessa maneira. Como um velho no banco da praça, lamentando o amor perdido. A vida perdida. E também assim faleceu, como um velho no banco da praça. Se alguma coisa ele aprendeu, foi que a vida de nada valia, sem o amor que perdera.

sábado, 6 de junho de 2009

O fim da inocência

Sua vida inteira ele tinha passado na rua. Sofria do preconceito tanto racial quanto social, todos o temiam ao mesmo tempo que se sentiam superiores a ele. O chamavam de pivete, ladrão e mal elemento sem nunca o terem conhecido, e mesmo assim, ele nunca seguiu esse caminho. Vivia dos trocados que conseguia no sinal, nunca recebeu caridade que não fosse essa, algumas moedinhas. Por isso achou estranho o ato daquele homem e não soube o que fazer. Ficou olhando para a mão do homem estendida para ele, uma mão sem trocados, sem nada, apenas uma mão convidativa. O homem abriu a boca e disse "Vem comigo". A criança demorou um pouco a entender, ninguém havia sido tão caridoso com ela. Estendeu a mão e segurou a do homem. O homem o puxou e repetiu "Vem comigo". O garoto então falou "Não quero sua caridade, só quero seu dinheiro, entrega tudo agora ou eu te esfaqueio". Era a primeira vez que cometia um crime. E não seria a ultima.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Bem vindos

Bem vindos todos a esse blog que eu criei. Aqui eu vou expressar toda a minha criatividade e espero agradar a todos. Realmente não sei ao certo sobre o que vou escrever, vou escrever o que me vier a mente no momento (assim como estou fazendo agora). Eu resolvi criar esse blog pra poder usar um pouco dessa criatividade que tem estado excedente ultimamente, não sei se ele vai durar muito, mas eu vou tentar fazer com que dure, vou tentar perder minha preguiça de atualizar o blog. Caso eu esteja demorando muito a postar, me cobrem um texto novo, as vezes uma pressãozinha ajuda. Bom, vou encerrar esse texto de boas vindas por aqui, até porque pra um texto de boas vindas isso aqui tá muito longo e enrolado, fazer o que né, pelo menos to cumprindo minha idéia de escrever o que me vier a mente. Novamente, bem vindos e espero que gostem do blog.

Ps.: Não, o nome do blog não tem sentido algum.